Projeto Rachaduras

Durante o mês de fevereiro o Núcleo Vermelho participou de formação realizada pelo NEP - Núcleo de Educação Popular 13 de Maio.
Foram 4 dias de estudos dedicados ao curso "Como funciona a sociedade", ministrado pelo companheiro Enrico Watannabe.
Além do Núcleo Vermelho participaram também integrantes da Brava Companhia e Trupe Lona Preta. O curso aconteceu em espaço cedido gentilmente pelos companheiros do CEDECA Interlagos.
A formação faz parte do processo de estudos para a nova montagem do Núcleo Vermelho.
E seguem no Sacolão das Artes os ensaios do novo processo de montagem do Núcleo Vermelho. O novo trabalho tem como base a investigação sobre a precarização dos trabalhadores nos dias atuais.
"Estrago social" é o mote que vem sendo utilizado como provocação dos experimentos cênicos iniciais.



Fevereiro 2015
gente, só pra aquecer o processo criativo, depois de nosso primeiro ensaio, pensei nesses versos:

Eu pensei que era liberdade
revender pra natura, avon
revender açúcar da união
Mas eu me deparei com a verdade,
Foi quando o moço do jornal da tarde
Disse que até o volume morto da Cantareira
Era minha culpa certeira.
Eu não tenho patrão,
Isso sim foi minha decisão.
Enquanto que os encargos, impostos e tributos
Recaem todos sobre a minha mão
Que continua vazia até o final da estação.
E eu ainda percebi
Que eu nada escolhi
mas que a culpa de toda a desgraça é minha.
Eu, que mal vivi, muito menos venci.
Eu continuo esperando...
A água que não cai do chuveiro e que venta a torneira
O telefonema do empregador da empreiteira
Aquela caixa d’água que o vizinho da rua de trás vai emprestar
Pra vó, pra mãe, pra tia, pro tio e pro vô se banhar.
Enquanto espero, conserto mais uma goteira
Que a chuva da última semana deixou na casa inteira.
Mas que não enche a Cantareira
Que deve de estar vazia de tanta agonia,
De tanto desleixo e desserviço
Que o governo deixou no município.
Enquanto espero, peço a saideira

Da cachaça que desce ardendo a garganta seca
A garganta que espreita
E que torce pra que a seca do bolso
Se transforme em mar, trovão
Que transborde em fartura, em profusão
Porque daqui, eu não saio não.
e não é nem que eu não queira,
é só que os contos que eu conto
não pagam a estrada e nem a beira.
 


Raissa

ENSAIO VERMELHO

Desde o mês de janeiro retomamos nosso processo de estudo e levantamento de cenas para o processo "Rachaduras" que tem como foco pesquisar e levantar dados sobre o mundo do trabalho e as formas de precarização que existem na sociadade. 

Nos meses de janeiro e fevereiro coletivamente organizamos nossa própria forma de trabalho e pesquisa e já iniciamos esse novo processo com uma intensa formação orientada pelo núcleo de formação popular 13 de maio (NEP); a formação tinha como tema: "Como funciona a sociedade". Além disso, fizemos vários debates entre o núcleo para encontrarmos caminhos a serem trilhados para criação de cenas e estudos que nos orientem e aprofunde sobre o tema das formas de divisão do trabalho e exploração do homem pelo homem. 

Abaixo apresentamos algumas imagens e áudio do nosso último ensaio, 10 de março de 2014 que tivemos como estímulo a criação de cenas a partir do tema "Estrago Social". Realizamos exercícios e reflexões acerca do tema; e uma das proposta foi de criarmos imagens de estragos sociais e a figura de um crítico, que a analisa de fora, e tenta apontar o que está por trás da imagem e não está revelado. Confira algumas fotos do nosso ensaio e uma música que foi criada pelo grupo coletivamente e expontaneamente.





tema das imagens: Mc Fome Brasil 

Áudio: Cacau é bom... pena que da dor nas costas.